Usando Uma Bulsula
Existem vários tipos
de bússola, neste artigo o foco será nas
bússolas mais comuns. Primeiro será exemplificado a utilização de bússolas
militares com o limbo solidário à agulha, ou seja, a agulha move-se juntamente
com o marcador de graus (limbo). Depois, será exemplificado o uso de bússolas
com o limbo independente da agulha. Por último, tecerei um breve comentário
para utilizar os modelos mais triviais
de bússola. Você poderá utilizar estas informações para navegar em qualquer
lugar, porém, a ênfase será para a navegação em mata fechada, aonde os pontos
de referência são difíceis de encontrar.
Gostaria de agradecer à Militar Brasil, que forneceu a
bússola utilizada neste artigo e no vídeo que ilustra as técnicas.
Segurança em trilhas e navegação matreira
Andar por aí seguindo uma estrada rural, ou até mesmo um
curso de rio é moleza. No meio de bosques e parques nacionais, também
costumamos seguir trilhas muito utilizadas por outras pessoas, mas no meio do
mato fechado a coisa é bem mais complicada.
Uma das situações mais difíceis dentro do mato é andar sem
que haja uma trilha. Se você sair da trilha sem uma bússola, é bem provável que
se perca em poucos minutos. Da mesma forma, se você tiver uma bússola mas não
fizer ideia sobre a direção de seu acampamento ou da civilização, a bússola só
irá te ajudar a não andar em círculos. Por esses motivos, todo deslocamento
dentro do mato deve ser muito cauteloso, e toda saída da trilha deve ser
evitada a qualquer custo, a não ser que você tenha conhecimento do que está
fazendo ou esteja em uma situação de sobrevivência real. Se você estiver em uma
trilha, e ela começar a perder suas características de trilha, retorne
imediatamente. Da mesma forma, se a trilha começar a se dividir em outras
trilhas de modo que a memorização do caminho fique difícil, é bom encerrar o
passeio e retornar.
Se for entrar no meio do mato, seja para fazer uma trilha ou
para acampar, leve uma bússola, mesmo que não pretenda utilizá-la. As bússolas
apontam para o norte magnético, e não para o norte geográfico. Para pequenos
deslocamentos sem carta, as correções não são importantes, mas para explorações
prolongadas com mapas, saber corrigir as diferenças entre o norte magnético do
norte cartográfico é crucial. O foco deste artigo é a navegação sem carta.
No meio do mato, seria muito interessante fazer os deslocamentos
em linha reta, mas isso é praticamente impossível. Então você deverá seguir com
muita atenção, contando e anotando (sim, você deverá carregar uma caderneta) os
pontos de referência de cada pequeno trecho percorrido, determinando um novo
azimute (explicado a seguir) a cada trecho. A medição das distâncias deve
iniciar-se no ponto de partida, sendo ligados uns aos outros. Dentro do mato,
sempre que possível, sinalize de forma clara cada ponto de referência, seja com
o facão, com pedras ou com cordas. A sinalização deverá ser claramente visível
nas distâncias desejadas, geralmente não superiores aos 25 metros.
Como determinar o azimute – O que é azimute?
Para utilizar uma bússola, devemos compreender que o
ponteiro aponta sempre para o norte magnético. A direção de 0º graus
corresponde ao Norte e aumenta no sentido dos ponteiros do relógio. Um azimute
nada mais é que uma direção, ou um alvo, definido em graus, variando de 0º a
360º. Para este artigo nos interessa o azimute magnético, ou seja, aquele definido
pela bússola.
Para utilizar corretamente uma bússola, você deve estar
afastado de locais que possam interferir na leitura, como redes de alta tensão,
de automóveis e até mesmo de cercas de arame. Você também deverá se afastar de
objetos metálicos que geralmente carrega consigo, tal qual o facão.
Como usar uma bússola com o limbo solidário à agulha
Bússolas militares geralmente possuem o limbo solidário à
agulha, ou seja, o limbo gira junto com a agulha. Como todas as bússolas, o
norte sempre recebe algum destaque, como a seta verde da bússola militar
abaixo:
Você deverá se basear no azimute (direção) em dois casos. No
primeiro deles, você quer determinar o azimute, ou seja, a direção a seguir.
Isso é importante para conseguir, mais tarde, utilizar estas direções para o seu
caminho de volta. Aponte a bússola para o seu ponto de referência no horizonte
e faça a visada alinhando a fenda e a linha de pontaria. Se necessário, utilize
a ocular com a lente de aumento para verificar a posição em graus que está
alinhada com o ponto de referência da bússola. Anote a direção. Vá seguindo o
ponto de referência escolhido ou consulte a bússola de tempos em tempos para
ter a certeza que está seguindo na direção correta.
A forma de segurar a bússola.
No segundo caso, você já tem o azimute, ou que marcou
previamente, ou que foi fornecido por algum motivo. Neste caso, por exemplo,
você tem o azimute 60°. Mantenha a bússola na horizontal e procure no limbo o
marcador de 60º, vá girando o corpo calmamente até que o marcador dos 60º fique
alinhado ao ponto de referência da bússola. Lembre que na bússola militar o
limbo irá girar junto com a agulha. O ponto de referência de sua bússola pode
ser bem discreto, é importante localizá-lo em seu equipamento antes de se
perder por aí! Uma vez tendo o valor em graus alinhado com o ponto de
referência, você já sabe qual direção
seguir.
Alinhando a fenda com a linha de pontaria para determinar o
azimute.
Como usar uma bússola com o limbo independente da agulha
Determinar o azimute também é muito simples com este tipo de
bússola. Aponte a bússola para o seu ponto de referência. Com a bússola na
posição horizontal, gire o limbo graduado até que a parte destacada da seta
magnética (geralmente na cor vermelha ou verde) se alinhe com a posição de o°
ou 360° (zero ou trezentos e sessenta graus, a parte da bússola chamada de
portão). O grau que estiver indicado na linha de fé é o azimute (ou a direção a
seguir).
Para navegar em direções conhecidas, será novamente tomado
como exemplo o azimute de 60°. Gire o marcador de graus (limbo giratório) até
que o valor de 60º se posicione junto à linha de fé. Depois vá girando seu
corpo até que a agulha magnética se alinhe com o portão (a marca N ou 0°).
Pronto, você já sabe que direção seguir.
Como usar uma bússola comum?
As bússolas simples também podem ser úteis para encontrarmos
a direção e evitar que andemos em círculos. Alinhe o agulha com a direção de 0º
(ou 360º). Não será fácil ter precisão na leitura, mas você deverá ser orientar
com o valor em graus que ficou à frente da bússola, tanto para marcar o azimute
quanto para saber que direção seguir.
Como retornar ao ponto de partida?
E para voltar? Imagine que você caminhou pelo mato,
navegando com calma, anotando os azimutes e marcando os pontos de referência.
Agora é hora de retornar ao acampamento! Para fazer o caminho contrário,
calcule os azimutes inversos (é a mesma coisa que dar meia-volta).
Algumas considerações sobre o azimute inverso:
Azimute menor que
180: some 180 ao atual;
Azimute igual ou
maior que 180: subtraia 180 ao azimute atual;
O azimute inverso
de 180 pode ser tanto o 0 (zero) quanto o 360.
Exemplos para calcular o azimute inverso:
Tomemos como
exemplo o azimute de 60º, menor que 180. O caminho inverso será encontrado
fazendo a conta 60+180 = 240º.
No outro exemplo,
vamos tomar por exemplo um azimute maior que 180º. Imagine que o seu azimute é
o 230º. Neste caso, a conta será 230-180=50º.
Na primeira coluna temos os azimutes. Na segunda, seus valores
inversos.
Considerações finais
Pratique a navegação com bússola em regiões amplas, abertas,
com fácil localização. Com estas dicas, espero que você consiga ter uma
navegação segura, se necessário, dentro do mato. Para aprimorar ainda mais a
navegação mateira, procure aprender sobre contagem de passos.
A navegação dentro da mata fechada é muito complicada e
requer muita atenção. Geralmente, o trabalho de navegação com bússola é feito
com mais de uma pessoa. A melhor fonte que encontrei sobre navegação com
bússola é o Manual de Sobrevivência na Selva – CIGS/ Centro de Instrução de
Guerra na Selva do Exército Brasileiro. Lá você poderá perceber o quão difícil
é navegar dentro do mato com bússola, imagine sem ela! Lembre-se de nunca sair
da trilha sem o preparo e atenção adequados, pode ser muito perigoso.
Esteja preparado!
Este texto é fruto de um árduo trabalho e envolve a
experiência e o conhecimento do autor. Ninguém está autorizado a copiar ou
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